O mamão capixaba supera a seca e mantém seu fruto de qualidade
A seca que assolou o Espírito Santo entre 2013 e 2016 teve um peso importante na produtividade do mamão. Se em 2014 a produção alcançou quase 400 mil toneladas de frutos, em 2016, ápice da crise hídrica, foram colhidos 251 mil toneladas, mesmo sem grande mudança na área plantada.
A seca que assolou o Espírito Santo entre 2013 e 2016 teve um peso importante na produtividade do mamão. Se em 2014 a produção alcançou quase 400 mil toneladas de frutos, em 2016, ápice da crise hídrica, foram colhidos 251 mil toneladas, mesmo sem grande mudança na área plantada.
A resiliência do produtor falou mais alto e, com a volta das águas, em 2019, foram colhidos mais de 402 mil toneladas de mamão no Estado, especialmente nos municípios de Pinheiros, Linhares, São Mateus, Pedro Canário e Montanha, principais produtores.
“Em 2017, com o retorno da chuva, começou uma nova produção. O preço também teve um peso grande no incentivo ao aumento do plantio”, ressalta.
O mamão é uma cultura importante para o Espírito Santo. Apesar de Pinheiros ser o maior produtor, Linhares é o principal exportador do fruto no Brasil. Considerado de grande qualidade, o mamão do Norte do Estado vai para mercados da Europa e dos Estados Unidos. Para chegar ao consumidor externo, o processo é longo e bastante cuidadoso. Manejo, plantio, colheita, seleção de frutas. Tudo é feito com cuidado e visando à qualidade de cada produto que sai do Norte do Estado. “Somos o maior exportador, apesar de o maior produtor ser a Bahia. O mamão de Linhares tem mais qualidade”, diz o pesquisador.
E um fruto tão bom teve uma mão do melhoramento genético. Doçura, coloração, resistência no pós-colheita são características marcantes do mamão capixaba. Além disso, a produção é maior por planta e os mamoeiros são mais resistentes. Todo processo é cuidadosamente observado para ter o melhor fruto possível.
O mamão está entre as sete primeiras frutas da pauta de exportação do Brasil. O Espírito Santo continua sendo o maior exportador dessa fruta, basicamente para países da União Europeia. Entretanto, menos de 1,6% do mamão brasileiro é exportado devido ao mercado internacional ser altamente competitivo, cada vez mais exigente em produtos com elevado padrão de qualidade e restritivo em relação aos problemas fitossanitários.
No Estado, há dois tipos de mamão: Solo e Formosa, sendo que o Solo (também chamado papaya) é o mais produzido. Menores, esses mamões ganharam o mercado com a mudança de hábito do consumidor. “Hoje as famílias estão menores, com poucos filhos, então um mamão grande como o Formosa pode gerar perdas. O Solo, por outro lado, é comido inteiro, na hora, sem desperdício. O Formosa, por outro lado, é bastante vendido para hotéis, onde há grande consumo. É um mamão delicioso, muito doce”.
Produto de valor
O retorno financeiro da cultura incentiva, e muito, o aumento na produção. Além da exportação, é um produto com retorno semanal. Quando a colheita começa, não para, segundo Queiroz. “É um dinheiro constante, diferente do café que gera uma renda anual. E com a oscilação dos preços, quem produz fora de época ganha muito dinheiro. Se em alguns momentos o preço da caixa fica em torno de R$ 0,40, há épocas que alcança os R$ 6. A dica para o produtor é: quando ganha muito, se previna para o preço baixo. Aí você terá um retorno constante”, salienta o pesquisador.
O aproveitamento de área também é importante. Hoje, há o cultivo de mamão consorciado com o café. A planta dura dois anos, tempo exato para o crescimento e início da produção do cafeeiro. Quer dizer, o solo usado está em constante produção e o dinheiro, caindo sempre no caixa do produtor.
Esta matéria faz parte do Anuário do Agronegócio Capixaba, disponível AQUI na íntegra!
Fonte: SafraES